sexta-feira, 31 de outubro de 2014

FALAR DE UMA PERSONAGEM QUE SÓ VIVE PARA A SUA PAIXÃO

Sarah préfère la course (2013) de Chloé Robichaud.
Chloé Robichaud afirmou sentir-se bem com filmes centrados em diálogos e na reflexão humana. Lynn Ramsay e Andrea Arnold são referências suas. O que torna sedutora esta interação da realizadora com os seus laços fílmicos, é o facto de que Sarah não se consegue revelar por palavras. 

A sua ambiguidade é quase sempre mal interpretada pelos outros, tornando-a sempre num ponto convergente para a colisão. A sua mãe que não a apoia na decisão de correr e o seu colega de casa, que não a consegue traduzir.

Não vejo uma personagem obstusa e desalinhada, vejo alguém que guarda aquilo que sente e pensa. O grande conflito aqui, é que o que não é dito, acaba por manifestar-se de outra forma. É como se o corpo pegasse fogo - uma dor no peito, que nos faz doentes. E só aí é que percebemos: pode ser o amor por alguém, ou o peso de certas decisões tomadas. Mas guardamos para nós.

Fica na memória, Zoey, que numa cena brilhante canta que um dia o seu amor virá.

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