sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

DO LADO DOS ANJOS

O Pequeno Quinquin - P'tit Quinquin (2014) de Bruno Dumont.
Entregar-me às horas nas mãos de Dumont, foi como flutuar numa lagoa escura. No lago de fogo: um lugar de punição e de agonia. Sempre que pensei avistar terra onde colocar os pés para me equilibrar, fui arrastado por um remoínho para as profundezas. Durante o filme, há sempre uma sensação de que serei apanhado por uma armadilha. Encontram-se sinais, minas pelo caminho, pequenas bombas. Mas espera, estarão activas? Que cordão puxo? Acredito que o mal existe verdadeiramente na terra e está cá para nos punir pelo pecado que cometemos? Ou acuso alguém de um crime e julgo-o de forma a viver tranquilamente? Há um vazio que só pode preenchido por nós, pelos nossos olhos, corpo e existência - e é isso que torna a descoberta do cosmo destas pessoas, tão intensa, tão violenta, que deixa um corte em aberto, a sarar. Para voltar a ver e repensar.

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